Homems, certo tipo de vale sem fim.
Homens em seus abismos, sujeitos destinados ao entendimento da vida com toda sobrevivência, sagacidade e inteligência. Sem não, nem ao menos, ou mesmo por mais, conseguem fugir dali, desse pesadelo sem fundo, desconexo. Marasmo mentecapto das contradições do que surge e urge nos tempos em tempos e alimenta seu cotidiano.
Nascidos sem o porquê, em muitos dias sem sentido. Planejados com o aporte ao enigma além-mundo, em esquemas que disfarçam quantas vezes viram o pôr-do-sol, e sua história.
Homens! Com memórias armadas que vacilam em atingir o alvo com raiva, por infortúnio. Elas ficam retidas com profundez, a que lhes cabe, em sua sã consciência, em sua sã humanidade. Engatilhadas como balas que guardam emoções e sentimentos.
-Quero sair daqui! Gritaram paulatinamente as lembranças, presas num absurdo abismal. Prontas para fugir e acertar o próximo com violência ou amor. Um bucólico vôo!
Ela queria dispersar-se por sobre o vale que rodeava toda a vizinhança, na qual, um dia, em sua sublime solidez, foi fortificada por relações. E no bojo destas, germinou e passou a ter uma existência, com tempero de essência. Se é que existe por ser sublime lembrança.
Memória vívida que já faleceu.
-Eu estou aqui!
Contam-se quantas vezes existiram, ou mesmo, em outro tempo verbal, sonhou-se com tal crepúsculo vespertino. Tais lembranças encerradas na noção, continuam sem saber, ostentadas por muros de pedras que impedem a visão mais ingênua, e o reconhecimento mais amplo do que realmente é o sol se pondo por de trás do abismo. Eu, você e todo resto.
São lembranças, vida e mais vida. Desprovida de liberdade, sem vida, num despenhadeiro profundo.
-Fico aqui por você como prova de amor. Corto minhas asas! E tal jura sendo lembrança do caso, do acaso, demonstrou todo seu lado altruísta. Com a insensatez de quem é capaz de ficar a eternidade dentro de um abismo por ternura e idolatria. Mesmo que não seja correspondida, desta forma, incapaz de alçar vôo ou fugir.
E nesse tom melancólico se fez um laço eterno, e como se tal momento, amargurado e retido nas grandes profundezas do pensamento, tivesse sido condenado à morte por estar dentro de… E que mesmo assim, poderia escalar as grandes muralhas da consciência, usando a corda dos sentimentos recíprocos. As mesmas que a encarceraram dentro do que há de mais íntimo, acabando com a solidão inacabável.
-Déjà vu!